Mito #9: Existe uma coisa chamada Liderança

Este capítulo discute o conceito de liderança em si.

O senso comum frequentemente concebe a liderança como algo definível, consistente e relevante. No entanto, quando perguntamos a alguém o que é um líder, geralmente ocorre um paradoxo. O tipo de resposta obtida frequentemente se assemelha mais ao que o liderado sente em relação ao líder do que a um conjunto específico e definido de características.

Ao se perguntar a um liderado o que se espera de um líder, podem surgir descrições paradoxais como: segurança autêntica e vulnerabilidade tranquilizadora. Pareceu contraditório, não é mesmo?

A dicotomia entre esperar que o líder extraia “o melhor de nós” (através de um discurso de união, por exemplo) e “o melhor de mim” (através de atenção direcionada, especificamente) diz respeito mais aos sentimentos dos seguidores do que sobre o líder. É justamente daí que vem o paradoxo.

Compare grandes líderes modernos, como Steve Jobs ou Martin Luther King, por exemplo. Como ninguém é completo e nem deveria tentar ser (vide mito #4), o que os torna grandes líderes é específico deles. Eles foram capazes de mostrar seus pontos fortes com maestria, ao mesmo tempo que contornavam seus defeitos de melhor forma que conseguiam (mas não eliminavam completamente).

Ao analisar os exemplos mencionados, ambos tinham contradições evidentes: Jobs era arrogante e rude no trato com as pessoas (e visionário ao mesmo tempo). Martin Luther King cometeu adultério, mesmo sendo um pastor e um grande líder na luta pelos direitos civis.

Nesse ponto, eu achei melhor citar diretamente a explicação sobre o termo liderança diretamente do livro (pág 242):

A concepção de uma entidade chamada “liderança” é, portanto, considerada um mito. As definições dessa ideia falham em abranger a complexidade do mundo real, revelando exceções após exceções. Se há um conjunto mágico de atributos, ainda não o descobrimos, e muitos líderes conduzem sem possuí-los integralmente.

Aqui eu gostaria de replicar uma analogia do livro que achei interessante: se apenas quem possui “liderança” pode ser um líder, é equiparada à ideia de que um gato é um gato porque possui “gaticidade”. Ou seja, analisar a discussão por esse ponto não faz sentido.

Portanto, o livro propõe outra definição: um líder é, simplesmente, alguém que tem seguidores.

É simples assim mesmo

Os atributos de uma liderança universal não são mensuráveis. A formação de seguidores é. Há um argumento proposto pelo livro que achei bem interessante: estudos indicam que quanto mais profunda e radical for sua idiossincrasia, mais apaixonadamente as pessoas o seguirão.

Ou seja, dado que você não é perfeito e tem vários defeitos, provavelmente as pessoas te seguirão justamente apesar disso (ou até mesmo, por isso). Portanto, a proposta explanada na obra é encontrar sua própria maneira de cultivar seguidores, aceitando suas arestas e usando dos seus pontos fortes com maestria. Porque é isso que fazem as pessoas seguirem líderes no final das contas.

O motivo é simples: arestas proporcionam certeza do que esperar.

Gostaria de adicionar um comentário: se você é líder, é crucial não usar isso como desculpa para evitar o crescimento pessoal. Não é só porque Jobs era arrogante e mesmo assim foi seguido que você tem que fazer igual e tentar imitar esse traço do comportamento dele para ser um bom líder, combinado?

Acho que deu para entender a ideia

Um argumento da obra que achei curioso foi o seguinte: a universalidade do medo da morte une todas as sociedades, tornando o medo do futuro um elemento comum a todos os tipos de culturas, sem exceção. Portanto, grandes líderes transformam esse “medo do que vai acontecer” em motivação. Por isso, muitos líderes conquistam as pessoas falando do futuro com convicção, por exemplo.

Há uma longa explanação do caso do Martin Luther King fazendo isso no livro, no qual irei omitir para fins de brevidade.

Esse ponto explica um pouco porque tem muito picareta que quando fala com convicção, as pessoas parecem segui-lo. Provavelmente, algo que ele diz diminui o medo do futuro em seus seguidores.

Por fim, o livro comenta sobre um típico curso de liderança: que consiste em mostrar a história de grandes líderes e te inspirar de alguma forma a agir como eles. Quem sabe com um pouco de sorte, te emocionam no processo.

Eu sempre me perguntei por que eu achava essas abordagens pouco efetivas, mas não sabia dizer o porquê (afinal, quem sou eu para ensinar liderança). Pois, no final do curso, ninguém se achava realmente mais próximo de ser a figura exibida no exemplo.

O insight agora se torna óbvio: olhar o caminho de alguém pode te ajudar a encontrar o seu, mas, se você tentar imitar 100%, provavelmente vai dar errado. Conselhos só ajudam quem os deu. Esse ponto é melhor explicado no mito #5.

Chegando ao final do livro, a ideia geral que eu absorvi da obra como um todo foi a seguinte: abandone os modelos pré-definidos de liderança e encontre o seu próprio caminho, seja na forma de liderar, avaliar pessoas ou algo similar. Modelos pré-definidos e suas tentativas de encaixar as pessoas neles são inúteis, sem exceção. Toda vez que fazemos isso, nos esquecemos de nós mesmos.

Por fim, a conclusão proposta do capítulo é a seguinte, para substituir o mito: seguimos as arestas, pois elas nos proporcionam certeza.

Espero que este texto seja útil para você de alguma forma.

Até!

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