Gestão: Livros que me influenciaram

Adriano Croco
10 min readOct 19, 2022

Olá!

Hoje eu gostaria de recomendar alguns livros que influenciaram meu estilo de gestão de alguma forma. Lembrando que não estão em nenhuma ordem em particular. Vou contextualizar brevemente sobre eles e aprendizados que obtive. Espero que desperte seu interesse pela leitura de algum deles.

Os primeiros 90 dias: Estratégias de sucesso para novos líderes

Esse livro me foi recomendado diretamente por um gestor que eu tive, bem quando estava fazendo a transição de especialista para coordenador. Ele dá muitos exemplos do que não fazer ao começar em uma nova empresa como gestor. O período mais crítico é esse dos 3 primeiros meses. A ideia geral é basicamente não tentar sentar na janela ao acabar de chegar. Entenda a cultura, ouça as pessoas e a partir daí, comece a agir.

Eu tento manter essa postura até hoje e sempre quando eu não faço isso é que eu tenho problemas. Recomendadíssimo para quem está fazendo a mudança de contribuidor individual para gestão ou se está querendo mudar de empresa (serve muito bem para esse cenário também).

Os 5 desafios das equipes: Uma história sobre liderança

Esse livro me foi recomendado a partir de uma troca de figurinhas com alguns pares. Após ler, eu internalizei esses conceitos de uma forma que o primeiro passo que ele recomenda agir sobre ao assumir um novo time (construir confiança) é parte integral do meu estilo de gerir até hoje.

A leitura é bem leve e didática. É uma história sobre uma nova CEO que assume um time e tem que lidar com os conflitos advindos de um time de pessoas individualmente brilhantes, porém, que não trabalham em equipe muito bem. Além disso, existe uma personagem no livro que joga sujo e me fez refletir muito sobre os limites de tolerância ao desenvolvimento de um liderado. Entender que alguns casos são casos perdidos também faz parte do amadurecimento, não é mesmo?

Comunicação não violenta — Nova edição: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais

Eu cheguei nesse livro pelo apelo popular que ele tem. Geralmente, eu julgo um livro como bom para mim pelo tanto que eu consigo lembrar dele depois. Nesse caso, eu só lembro de uma ideia dele: Toda ação violenta é fruto de uma necessidade não atendida.

Isso me fez refletir e entender que alguns comportamentos que julgamos agressivos na verdade são uma espécie de pedido de socorro de pessoas em sofrimento. Antes de julgar alguém que teve uma ação tida por você como negativa, pense: Qual a necessidade não atendida que fez a pessoa agir dessa forma?

Como consequência da leitura do livro, tive o seguinte entendimento: Independente do seu conjunto de crenças e valores, para algumas pessoas é aceitável agir de determinadas formas dado uma fonte de sofrimento. Por consequência, entender isso me ajudou a delegar melhor, por incrível que pareça. Dado que a pessoa é fundamentalmente diferente de mim (conceito conhecimento como Alteridade), ela irá fazer as coisas diferente do meu jeito de qualquer forma, em todas as situações. E tá tudo bem.

Eu elaboro melhor a ideia de Alteridade nesse texto aqui.

Motivação 3.0 — Drive: A surpreendente verdade sobre o que realmente nos motiva

Esse livro me trouxe o racional do porquê a abordagem Comando e Controle é um erro total ao gerir trabalhadores do conhecimento (ou seja, pessoas desenvolvedoras, designers, produteiros e demais profissões voltadas ao mundo digital).

Uma mesma abordagem que funciona bem com trabalhadores operacionais (ex: pagamento extra por unidade produzida a mais), não funciona e tem o efeito de desmotivar trabalhadores do conhecimento. Um exemplo que o livro menciona que é ruim para motivação desse perfil é condicionar um pagamento extra a uma quantidade de esforço extra. Ou seja, se você fizer algo a mais, terá um retorno. A abordagem recomendada nesse caso é a de gratificação sem condicionante. Ou seja, dado que o time já entregou a mais algo, aqui está um retorno (não necessariamente financeiro, pode ser uma folga ou algo similar). Essa segunda abordagem funciona muito melhor para a motivação de trabalhadores do conhecimento do que o jeito padrão.

O principal aprendizado que eu obtive com esse livro foi: Trate sua equipe como adultos, deixando explicito as expectativas e restrições e confie neles para fazer o trabalho. Aplicando isso, você não precisará impor a necessidade de horas extras, a própria equipe sabe o que precisa ser feito e qual esforço extra é necessário para tal.

Apesar de parecer óbvio, é exatamente o oposto do que é ensinado em teoria da administração desde sempre: vide Taylorismo, Fordismo e o próprio Comando e Controle.

Mitos da Gestão: Descubra por que quase tudo que você ouviu sobre gestão é mito

Eu gosto muito de ir contra o senso comum e ir além, desmitificando ideias pré-concebidas sobre assuntos. Tanto é que escrevi vários artigos sobre mitos na tecnologia a partir dessa motivação. Mais detalhes sobre essa série de artigos aqui.

Foi justamente por isso que esse livro captou minha atenção. Ele não é um primor revolucionário nem nada do tipo, porém, se você acha que é solitário ser gestor, que pessoas não gostam de mudanças, que robôs vão roubar o seu trabalho ou que todas as pessoas são motivadas por dinheiro, sugiro que leia o contra-argumento desses pontos nessa obra.

Recomendo para quem ainda não se decidiu se quer ser gestor, nunca estudou nada sobre teoria da administração ou só quer eliminar os preconceitos mais rudimentares sobre o assunto.

A quinta disciplina: Arte e prática da organização que aprende

São necessárias muitas mudanças no seu jeito de pensar para fazer a transição de contribuidor individual para gestor(a) de pessoas. A primeira é se importar genuinamente com pessoas. A segunda é pensamento sistêmico. Esse livro é sobre o segundo ponto.

Eu acho esse assunto tão importante que dediquei dois artigos sobre ele. No primeiro, eu falo sobre o que é pensamento sistêmico e seus componentes. No outro, eu comento um pouco sobre alguns arquétipos de sistemas e problemas comuns que ocorrem nas empresas.

Esse livro eu considero essencial para a formação de qualquer profissional.

Comece pelo porquê: Como grandes líderes inspiram pessoas e equipes a agir

Eu me identifico muito com as ideias do Simon Sinek. Tanto é que eu gostaria de recomendar dois livros dele nessa lista.

Voltando no critério que mencionei anteriormente de ideias que resistem ao teste do tempo após ler o livro: O argumento desse aqui é a importância do propósito.

Toda organização bem sucedida precisa ter um propósito que una várias pessoas em torno dele, para que ela consiga resistir a entropia típica de organizações que ficaram grandes demais.

No nível individual, o meu aprendizado foi que dado que todo mundo busca um propósito para tentar extrair algum sentido do mundo caótico que vivemos, eu me fiz os seguintes questionamentos: Qual é o propósito de vida das pessoas que eu convivo? E o meu? Sabendo deles, como você pode ajudar as pessoas a encontrarem o delas? E como viver o meu?

Refletir sobre isso influenciou e ainda influencia minhas escolhas, todos os dias.

O jogo infinito

Esse é o do mesmo autor do livro anterior.

Nessa obra, a base é a teoria dos jogos. Que é um ramo da matemática que modela fenômenos quando dois ou mais agentes de decisão interagem entre si.

Complexo? É mesmo. É possível analisar desde decisões relacionadas a bombas nucleares e o dilema do prisioneiro até o impacto nos negócios usando essas ideias.

No caso desse livro, a ideia é comparar atitudes de líderes de empresas que operam visando o lucro de curto prazo e a satisfação imediata dos acionistas contra empresas que operam com uma visão de continuar existindo indefinidamente (que é a mentalidade de jogar o jogo dos negócios de forma infinita), apesar dos percalços de curto prazo.

Os exemplos dados geralmente são de empresas que tomaram decisões tidas como corretas pelo mercado (como layoffs e redução de custos) e que acabaram dando errado mesmo assim, pois faltou a visão de operar continuamente, em um jogo sem fim. Segundo o autor, esse é o segredo de líderes e empresas bem sucedidas.

O meu principal aprendizado aqui foi: Independente do que esteja acontecendo agora na sua empresa atual, você tem que conduzir a sua carreira também como se fosse um jogo infinito. Ou seja, conflitos com o seu gestor atual será que importam tanto assim para a condução da visão de longo prazo para sua carreira? Na verdade, não. Resultados são sim importantes, mas eles devem ser buscados de uma forma que ressoem com o seu objetivo de longo prazo (o que casa muito bem com a questão do propósito do livro anterior, também).

Portanto, conduza suas decisões pensando aonde você quer chegar e não no que você precisa fazer agora. Isso dá uma clareza mental para não aceitar lugares não aderentes aos seus valores e recusar sem culpas oportunidades que parecem atraentes no curto prazo, mas que prejudicam o seu jogo no longo prazo. Lembre-se: Foco é uma espécie de super poder se usado corretamente.

O MBA da vida real: Como entender as regras do jogo, liderar uma equipe de sucesso e vencer os desafios

Eu comprei esse livro por causa do nome do Jack Welch. Ele tem fama de ser um dos maiores executivos da história recente. Se você já passou por uma avaliação de desempenho e ouviu o termo curva forçada, essa ideia não é do RH da sua empresa, e sim, uma cópia das práticas da General Electric (GE) de quando ele era CEO.

A curva é mais ou menos assim:

Como as empresas enxergam a performance dos funcionários e que ações tomar em cada caso

Curiosidades a parte, eu me decepcionei com o livro. É um conjunto de ideias batidas sobre meritocracia e vontade de vencer acima de tudo. Não me recordo de nada relevante que aprendi com esse livro além dessas curiosidades sobre a história das avaliações de desempenho (que aprendi em outras fontes, vale salientar).

Ou seja, eu li para que você não tivesse que lê-lo. Além disso, eu descobri duas coisas sobre o autor que me fez torcer o nariz ainda mais: Após se aposentar, a General Electric continuou bancando alguns gastos pessoais dele até ele morrer (o que é eticamente muito errado) e teve que ser salva da falência pelo governo americano na crise de 2008, devido a lobby.

Que exemplo de empresa bem sucedida e ética, não é mesmo? Eu não consigo achar isso um legado positivo, logo, não considero o Jack Welch um exemplo de profissional. No final, foi bom para desmitificar a figura dele. Afinal, mitos são feitos para serem desfeitos e não propagados, não é mesmo?

Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas

Um clássico é um clássico por algum motivo. Esse livro traz um conjunto de técnicas para você melhorar as tão faladas Soft Skills. Assunto que eu gosto tanto que até tenho um curso publicado sobre. Não leve o título tão a sério, para mim, esse livro deveria se chamar: Como aprender a lidar com pessoas de uma forma minimamente razoável.

Mas ainda bem que eu escolhi tecnologia, dado que Marketing não é o meu forte, pois com esse título o livro não venderia.

O que eu mais vejo no mercado são profissionais que são relativamente bons tecnicamente, mas que são impedidos de crescer na carreira (por si mesmo) por falta de alguma habilidade de relacionamento interpessoal que todo mundo percebe que a pessoa não possui, mas que ninguém vai falar para você desenvolver. Seja como se comunicar, ser lembrado ou conseguir cativar as pessoas em prol de um objetivo.

Existe uma dicotomia engraçada na relação das pessoas com habilidades interpessoais: Ao mesmo tempo que todo mundo gostaria que o outro tivesse soft skills ao se relacionar com você, porém, ao mesmo tempo, a maioria das pessoas acha que somente são as outras pessoas que devem se preocupar em desenvolver isso. É difícil convencer quem realmente precisa disso para crescer a aceitar que precisa se desenvolver nisso. Afinal, como diz o ditado: O problema são os outros.

Esse livro é recomendado para todo mundo. Recomendo em dobro se você não gosta de pessoas, é justamente você que deve ler esse livro.

Não basta não ser racista: Sejamos antirracistas

Porque é importante para quem quer ser gestor estudar sobre temas como esse?

O motivo é: Pela responsabilidade de ser uma pessoa capaz de perpetuar preconceitos naturalmente, sem ao menos perceber. A argumentação de como podemos ter pontos cegos que causam problemas está aqui.

Eu acho que o conteúdo desse livro é muito emblemático. Não basta não discriminar, é preciso combater ativamente o preconceito, senão a situação não irá mudar. A tendência é tudo continuar como está. E apesar de estar bom para um conjunto pequeno de pessoas, está muito ruim para outros.

É muito fácil você não querer que nada mude, dado que sua cor de pele, gênero ou algo similar não joga contra você de forma injusta.

Mesmo sabendo que não é meu lugar de fala comentar sobre o preconceito que certos grupos sofrem, pois eu não vivi na prática alguns desses preconceitos, eu me sinto na obrigação de entender e ajudar, afinal, ao menos, tentemos ser melhores.

Recomendo esse livro como ponto de partida nos estudos para ser uma pessoa gestora mais responsável ao longo prazo.

E você, o que achou dessas recomendações? Espero que o compartilhamento das minhas experiências te ajude de alguma forma.

Até!

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