Os 4 caminhos

Adriano Croco
4 min readJan 22, 2021

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Olá!

Hoje eu gostaria de falar sobre o tema ética de uma perspectiva um pouco mais filosófica. Como não poderia deixar de ser para um profissional de tecnologia, no final eu vou propor um framework.

Eu já falei sobre ética na Tecnologia aqui se você quiser ler algo mais específico.

O Framework dos 4 caminhos parte de apenas duas premissas e vamos começar da que trata sobre o que é o bem e o que é o mal.

Bem e mal são apenas palavras que a humanidade inventou para tentar classificar e julgar comportamentos de outras pessoas baseados na própria perspectiva sobre a moralidade de tal ação.

Não tenho nada para embasar isso na literatura (até porque, não sou especialista em filosofia), é apenas uma observação pessoal que tentarei embasar nos próximos parágrafos.

Sobre esse ponto de vista, poderia resumir da seguinte forma: tudo que eu vejo como positivo para mim mesmo, ou que seja algo que eu quero, eu vejo como bom. Tudo que acontece em benefício do outro (não importando as consequências) eu classifico como mal.

Vamos a alguns exemplos: Eu compro uma casa porque eu quis. Isso é visto como bom por mim. Um ladrão a invade e rouba todos os móveis que eu comprei com o meu salário e depois de muito esforço. Isso é visto como mal por mim… mas não na perspectiva do ladrão, afinal, obter todos aqueles moveis sem precisar trabalhar por aquilo com certeza é visto como positivo pelo ladrão.

Outro exemplo, agora, um pouco mais extremo: alguém me mata. Para quem morreu, isso foi obviamente percebido como algo contra o que eu quero… ou mal, certo?

Mesmo que matar seja uma ação execrável do ponto de vista de praticamente todos os sistemas filosóficos/religiosos que conheço (através da ideia que a vida é sagrada), isso por ser visto como algo bom da perspectiva do assassino, caso ele tenha me matado para se livrar de um problema, ou simplesmente, porque ele quis e realizou um desejo pessoal de simplesmente… matar alguém (em uma perspectiva de um serial killer, no caso).

Deixando de lado as consequências das ações e perspectivas religiosas sobre o que acontece após se fazer mal a alguém (como reencarnação, renascimento, karma e similares), em essência, só existe o que eu quero e o que o outro quer.

E onde fica o altruísmo nisso? Bom, ele entra no que nós queremos. Se eu tenho muito dinheiro e quero me sentir bem ajudando alguém (o que eu quero, portanto, uma atividade egoísta), ao doar um pouco desse dinheiro para uma ONG, eu estarei atendendo algo que as pessoas que trabalham nessa ONG também querem (que é receber dinheiro para continuar com o trabalho social).

A diferença — por essa premissa, que fique claro — entre uma ação egoísta e uma altruísta se dá basicamente no consenso entre as partes. Pode ser o que for, desde que ambos queiram e não invada o livre arbítrio de uma terceira parte, é algo considerado altruísta.

Em outras palavras, existe egoísmo (o que somente eu quero ou somente o que o outro quer) e altruísmo (o que nós queremos).

A segunda premissa dos 4 caminhos se baseia na ideia que só existem dois tipos de pessoas: as pessoas que trabalham na evolução e as que trabalham na involução.

Evoluir no sentido de melhorar, seguir em frente, ser flexível e pensar em um futuro melhor.
Involuir no sentido de piorar, voltar para trás, ser inflexível e querer voltar ao passado.

Com base nessas ideias, podemos fazer uma combinação de ambas as premissas e obtemos o desenho abaixo:

Estrutura básica do framework dos 4 caminhos

Acho que agora ficou claro porque se chama 4 caminhos, certo?

Com base nisso, eu faço o seguinte desafio: pense em qualquer ação humana — qualquer uma mesmo — e será possível classifica-la nesse quadrante, exceto ações neutras, como simplesmente andar, comer ou qualquer outra que não tenha interação com outra pessoa.

Duvida disso? Vamos tentar quebrar o framework dos 4 caminhos nos comentários, acho que gerará discussões interessantes.

Vamos a alguns exemplos.

Jogar lixo no chão, matar alguém, votar em político corrupto por benesses efêmeras: Egoísmo-Involutivo, pois estou fazendo algo que somente eu quero e regredindo o bem-estar da cidade, aumentando a dor de uma família e prejudicando a evolução de um município/país em benefício próprio, respectivamente aos exemplos.

Querer ser a pessoa mais rica do mundo, não importando as consequências, porém, curando o câncer no processo: Egoísmo-Evolutivo. Aqui entra o argumento do liberalismo econômico de Adam Smith. Ou seja, pelo meu próprio interesse eu gero progresso. Tentador considerar isso como a solução para todos os problemas… porém, incompleto.

Ações advindas de super-proteção, como pais que querem controlar os filhos de várias formas: Altruísmo-Involutivo. Afinal, a intenção pode até ser nobre (e as vezes, o filho pode até querer ser controlado), mas está impedindo a pessoa de evoluir e se desenvolver.

Por fim, ações que juntam: o que eu quero +o que o outro quer e no processo evoluímos juntos, como por exemplo: ensinar para quem quer aprender, ajudar um dependente químico a largar o vício (desde que a pessoa também esteja disposta a isso) e tantas outras formas de ajuda descompromissada, nos leva ao Altruísmo-Evolutivo. O que convenhamos, já é algo que deveríamos buscar naturalmente se quisermos ser pessoas melhores, não?

Com isso posto, classificando mais algumas ações, temos:

Classificações de ações pelos 4 caminhos

Com isso dito, o que acharam? Fez sentido para você? Como você classificaria a publicação desse texto, por exemplo?

Até!

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