O 100º: aquele sobre escrita

Adriano Croco
9 min readNov 27, 2023

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Olá!

Esse é o meu centésimo texto aqui no Medium. Este texto é uma resposta a essa enquete que eu fiz no Linkedin:

Atendendo a pedidos, cá estamos.

Perguntas iniciais

Se você está pensando em começar a escrever, aqui vão alguns questionamentos básicos que você deve fazer a si mesmo:

  • Por que você deseja fazer isso?
  • Qual o seu objetivo ao escrever?
  • É realista encaixar isso na sua rotina?
  • Qual a frequência pretendida de textos?

Não adianta esperar se tornar famoso(a), escrever 10 textos por dia em 15 minutos e manter uma consistência absurda ao longo do tempo. Portanto, comece estabelecendo metas realistas!

A Lei de Sturgeon

Seus primeiros textos serão ruins, aceite isso antes mesmo de começar. Aliás, há uma frase que aprecio bastante, chamada Lei de Sturgeon (que se aplica à escrita, filmes e qualquer atividade intelectual, inclusive código):

90% de tudo é lixo.

Portanto, aceite que levará um tempo até os textos começarem a melhorar. Se isso acontece em qualquer ofício, da cutelaria à escrita de código, por que seria diferente na produção de conteúdo?

Erros Comuns

No meu caso, prefiro escrever quando estou com mais energia. A dica é: respeite suas limitações!

Em dias em que estou bem para isso, gosto de escrever o máximo possível. Em dias em que não estou bem, as coisas não fluem, não adianta insistir.

Além disso, evite ouvir aquela voz que sussurra em seu ouvido:

Ninguém quer saber o que você tem a dizer.

Eu já cai nisso e me travou durante muito tempo. Por mais que tenha uma certa verdade nisso (ninguém é especial), depois de alguns textos, algumas pessoas passaram a vir me perguntar sobre alguns pontos relacionados aos assuntos abordados. Algumas almas generosas, inclusive, chegaram a responder meu formulário de pautas e querem ler mais textos escritos por mim. Confesso que isso ainda me supreende um pouco.

Após algum tempo escrevendo, o fluxo de assuntos que você pode escrever sobre parece interminável. Pelo meu entendimento, isso é ótimo. Significa que aquele medo de não ter assunto ou de ninguém querer saber diminui um pouco. Ele pode nunca ir embora. Mas, dê o seu melhor e continue. Consistência é a chave.

Porque fazer isso então?

Os motivos que me fazem gastar energia escrevendo são dois: dump de memória + scaling yourself. Explico.

Tudo que escrevo ou produzo conteúdo sobre ajuda-me a reter informações. Isso, perante minhas crenças, me torna um profissional melhor e mais preparado. Portanto, em primeiro lugar, eu escrevo para mim. Agora estou com amnésia da fonte, mas lembro-me de autores de livros de ficção usando o mesmo critério: escrevem livros que gostariam de ler.

Além disso, boa parte do conteúdo disponível na internet está em inglês, por isso, eu prefiro continuar escrevendo em português mesmo.

Isso contempla a parte do dump de memória.

A segunda parte foi a influência que a palestra Scaling Yourself, do Scott Hanselman teve na minha vida. la pode ser resumida no seguinte argumento: se precisar dizer a mesma coisa para pessoas diferentes mais de duas vezes, produza conteúdo sobre isso. Já perdi a conta de quantas vezes em conversas eu enviei links dos meus textos para reaproveitar ideias já exploradas. Ajuda a explicar melhor algumas coisas. E qual não foi a minha surpresa que, em alguns casos, a pessoa realmente leu!

Para mim, isso é uma baita de uma vitória.

Expectativas

Escrevo no Medium há 3 anos, o que gerou cerca de 200+ seguidores. Gostaria de monetizar o conteúdo? Com certeza. No entanto, não tenho expectativas de ficar famoso ou algo do tipo. Meu intuito é ajudar. Enquanto a escrita me ajudar e ajudar alguém no processo, ótimo.

Ninguém fica rico escrevendo. Nem grandes autores. O que enriquece é transformar livros em franquias. Dada a natureza dos meus textos, acho que não gerará um filme blockbuster chamado “Textos do Croco” que terá mais bilheteria que Vingadores Ultimato.

Portanto, reveja bem suas expectativas.

Inteligência Artificial

Eu uso chatgpt para as seguintes coisas:

Especialista em relações públicas: Às vezes, escrevo críticas muito ácidas. Passo sempre pelo prompt do ChatGPT para encontrar pontos que possam prejudicar minha imagem profissional. Se quiser, pode criar seu próprio prompt para isso. Eu uso o seguinte: Aja como um especialista em relações públicas. Você é responsável por gerenciar a imagem de um gerente de tecnologia que produz conteúdo via texto na internet. Encontre no texto abaixo pontos que podem prejudicar a imagem do seu cliente.

Só com a resposta desse tipo de prompt já me deixa mais tranquilo quanto a esse possível problema.

Revisão: Eu pedia ajuda da minha esposa para revisar os textos. Depois do ChatGPT, não preciso mais. O prompt que uso é simples: Aja como um especialista na gramática da língua portuguesa. Corrija a gramática do texto abaixo e use sinônimos em caso de uso de palavras repetidas. Não altere o teor original do texto.

Muitas vezes, a IA trocará algumas palavras de uma forma que o texto fique meio genérico ou formal demais. Portanto, sempre reviso e tento manter o tom autoral dos textos.

Não recomendo que use o ChatGPT para gerar texto em si, pois soa genérico demais. Como exemplo, eu usei o seguinte prompt:

Gere um texto sobre o ato de escrever, com dicas para quem está começando. Escreva como se fosse um autor de textos no medium, que fala sobre gestão em tecnologia. Use até 500 palavras.

O texto gerado foi:

Desbravando as Linhas da Escrita: Dicas para Novos Escritores na Gestão Tecnológica

Escrever é um ato de exploração, um mergulho profundo nas águas turbulentas da própria mente, onde ideias se entrelaçam e ganham vida através das palavras. No vasto oceano da gestão em tecnologia, a habilidade de comunicar efetivamente torna-se uma ferramenta essencial. Aqui, compartilho algumas dicas para aqueles que estão começando a trilhar o caminho da escrita, buscando transmitir suas ideias e insights de forma clara e impactante.

1. Encontre sua Voz Única:
Cada escritor tem uma voz distinta, uma assinatura única que o torna reconhecível. Na gestão em tecnologia, isso se traduz em comunicar conceitos complexos de maneira acessível. Descubra o tom que melhor representa sua personalidade e estilo, e use-o para criar uma conexão genuína com seu público.

2. Conheça sua Audiência:
Entenda quem são os leitores que você deseja alcançar. Na gestão tecnológica, seu público pode variar desde profissionais iniciantes até líderes experientes. Adeque seu conteúdo ao nível de conhecimento e interesses da sua audiência, proporcionando valor tangível e insights relevantes.

3. Domine a Arte da Simplificação:
A complexidade tecnológica muitas vezes requer a habilidade de simplificar conceitos intrincados. Evite jargões desnecessários e opte por uma linguagem clara e direta. Transforme termos técnicos em metáforas compreensíveis, permitindo que leitores de diferentes níveis de expertise absorvam seu conteúdo.

4. Estruture suas Ideias:
Uma narrativa bem estruturada é como um código limpo — fácil de entender e seguir. Introduza seus tópicos de forma clara, desenvolva argumentos de maneira lógica e conclua com uma síntese poderosa. Ao fazer isso, você guia seus leitores por um percurso compreensível, facilitando a absorção das informações apresentadas.

5. Cultive a Curiosidade Constante:
Na gestão em tecnologia, a evolução é constante. Mantenha-se atualizado e curioso, explorando novas tendências e tecnologias. Sua escrita refletirá sua paixão pela aprendizagem contínua, inspirando seus leitores a fazerem o mesmo.

6. Aceite o Processo Criativo:
Escrever é uma jornada, não apenas um destino. Aceite que nem sempre a primeira versão será perfeita. Permita-se revisar e aprimorar seu trabalho. A escrita é uma habilidade refinada com o tempo e a prática, então esteja disposto a evoluir.

7. Engaje-se com a Comunidade:
Compartilhe suas ideias, participe de discussões e esteja aberto ao feedback. A gestão em tecnologia é um campo colaborativo, e a escrita pode ser uma ponte para conexões valiosas. Ao interagir com a comunidade, você fortalece seu impacto e amplifica sua influência.

Lembre-se, escrever sobre gestão em tecnologia não é apenas transmitir informações, mas também inspirar e influenciar. Em cada palavra, há o poder de moldar perspectivas e impulsionar a mudança. Ao abraçar a arte da escrita, você não apenas contribui para o diálogo em seu campo, mas também constrói uma ponte entre a complexidade técnica e a compreensão universal.

Não é um texto ruim. Poderia jogar esse texto no Linkedin falando que é meu e ainda sim, teria o mesmo o resultado (sendo o centésimo texto sobre escrita). Em alguns pontos, até concordo com o texto gerado, inclusive.

Porém, só não é meu né? Para mim, isso importa um pouco. Afinal, eu não aprendi nada operando prompts, mas refletir para escrever sobre esse texto que você está lendo, sim.

Sobre bloqueios criativos

Eu já tive. Várias vezes. Eles realmente existem. Geralmente, foi associado a períodos de tristeza e ausência de vontade de compartilhar. A solução foi deixar o tempo passar e colocar a cabeça no lugar. Não se cobre tanto se você está passando por isso.

O que é uma ideia boa?

Não tenha medo de descartar ideias ruins ou que não fluíram como você achou que iriam:

Estatísticas do meu perfil aqui do Medium

Ou seja, é quase uma razão 1:1. Para cada texto publicado, espere que tenha outro texto praticamente pronto que provavelmente não será publicado. Isso diz muita coisa sobre o processo. Para você, pode ser uma proporção menor ou maior, não importa. Apenas persista.

Processo Criativo

Se você está se perguntando: Tá, mas eu ainda não entendi como escrever, seja mais prático!

Basicamente é isso mesmo

Dado que você quer algo bem mastigado, o detalhamento do meu processo criativo é:

  • A partir de uma ideia ou sentimento que quero transmitir, crio um rascunho com os principais pontos.
  • Quando estiver mais descansado ou com vontade de escrever, eu “costuro” os argumentos, preenchendo os espaços vazios entre os argumentos e adicionando corpo ao texto.
  • Reviso no ChatGPT e adiciono algumas imagens no meio. Sempre tento adicionar uma imagem no texto, para não ficar muito denso de ler. É uma preferência estética minha, mas pode fazer do jeito que achar melhor.
  • Publico e anuncio no Linkedin.
  • Na maioria das vezes, releio mais uma vez depois de publicado (sem a formatação do modo de edição) e reescrevo alguns pontos que achei que não ficaram bons. Esse distanciamento é importante para encontrar erros que passaram despercebidos anteriormente.
  • Depois disso, eu não volto mais naquele texto até que ele entre na lista dos textos a serem republicados.

Esse é o meu. Pode servir para você ou não. De qualquer forma, comece a escrever que o seu processo surgirá naturalmente.

Evitando mal-entendidos

Depois de publicado, dizem que o texto não é mais seu. Porém, se alguém entendeu algo bizarro a partir do que você escreveu, não custa dar uma revisadinha para ter certeza se expressou a ideia que queria, né? Já aconteceu de eu escrever um parágrafo meio ruim e a pessoa entender o oposto do que eu queria dizer.

Aqui, vale a máxima da teoria da comunicação: entre um emissor e um receptor, há uma mensagem. A responsabilidade de se fazer entender é do emissor, em todos os casos. Portanto, se escreveu algo e todo mundo não entendeu, a culpa é sua, não de quem leu.

Puxe para si a responsabilidade de se fazer entender pelo público pretendido.

Por fim, divirta-se!

Eu escrevo porque gosto do ato de pensar no que quero dizer e transformar em caracteres, isso me ajuda a organizar o meu caos mental.

Se depois de ler isso perceber que escrever não é para você e dá muito trabalho, tá tudo bem.

Como sempre, espero que este texto tenha sido útil para você de alguma forma. Se, de alguma forma, se sentiu inspirado(a) a escrever por causa deste texto, pode mandar seu material para mim, se quiser.

Eu adoraria ler e te ajudar no seu processo.

Até!

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