As dores da pessoa desenvolvedora sênior

Adriano Croco
4 min readOct 30, 2020

--

Olá!

Recentemente recebi por um grupo de WhatsApp de alguns amigos o seguinte questionamento: Esse ano eu implementei projetos incríveis, usando tecnologias que estão na moda, mas, mesmo assim, sinto que não estudei o suficiente e que estou negligenciando os estudos de alguma forma. Portanto, o que estudar de agora em diante? Como se preparar para as tecnologias do futuro?

Minha resposta? primeiro, respira.

Senhoras e senhores, conheçam a síndrome do sênior que se sente improdutivo e/ou com medo de ficar para trás.

Vou tentar traçar o perfil demográfico: profissionais com alguns anos de carreira, que tem uma certa bagagem, que conhecem ou até mesmo já implementaram o que “está no moda” (microserviços, graphql, kubernetes e afins), as vezes, trabalham uma alta quantidade de horas — afinal, estamos falando de profissionais de TI — e mesmo assim, sentem que não estão aprendendo, sendo produtivos ou estudando o suficiente. Ou pior, acreditam que podem realmente sofrer o risco de não conseguirem se recolocar (apesar de serem muito competentes e experientes).

Meus dois centavos sobre esse medo: quando se chega nesse nível de experiência e com a alta demanda de profissionais de tecnologia, não será difícil se recolocar pelo menos pelos próximos 5 anos. Isso é uma estimativa conservadora, inclusive. Se nada acontecer de disruptivo a ponto de acabar com a necessidade de programadores, eu diria que daria para considerar até uns 10~15 anos. Porém, acho difícil isso acontecer, mesmo com soluções como a GPT-3 e Low-Code surgindo, aqui tem alguém com muita mais experiência que eu embasando o porquê (e eu concordo com o Akita nesses pontos). Resumindo o vídeo: Low-Code não resolve tudo e a GPT-3 tem tantas limitações que precisariam de programadores para expandi-la de qualquer forma. Portanto, respira.

A TI é cíclica, pois em ciclos de alguns anos algumas tecnologias e ideias abandonadas no passado ressurgem como se fossem o último pedaço de pão de alho do churrasco.

Isso é demonstrado na seguinte imagem:

A curva de adoção de novas tecnologias

Apesar de tratar de tecnologia no nível macro (como avião, televisão e smartphones), eu acredito que dê para fazer paralelos similares com linguagens e frameworks. Logo, seu framework pode demorar a ficar obsoleto e você terá tempo para se atualizar, entãorespira.

Quer exemplos? Dá uma olhada no gráfico abaixo, que mostra a popularidade de algumas linguagens ao longo dos anos. Dá para ver que tem linguagem que cresce (Python), tem linguagem que desce (Java) e tem linguagens que não morrem nunca (C/C++):

gráfico de popularidade de linguagens, segundo o TIOBE index

Agora, voltando ao medo de ficar sem emprego por não ser bom o suficiente.

Porque eu acho que não será difícil para as pessoas desenvolvedoras experientes de hoje se recolocarem? Bom, o motivo é bem simples: elas sabem muita coisa. Só isso já faz muita diferença!

Eu tenho uma memória bem fraca na minha cabeça sobre uma explicação de algum professor que tive mencionando a seguinte ideia: quando se é novato, tudo é novo. Quando se é expert, nada é novo. Em outros termos, quando se está começando, não sabemos nem o que não sabemos. Quando se é um expert, temos certeza de muito e sabemos exatamente o que não sabemos.

Somente uma memória minha não seria o suficiente para embasar esse artigo, certo?

Portanto, fui pesquisar sobre aprendizado e suas ramificações. Felizmente, encontrei coisas que fizeram sentido sobre o assunto.

~Um viva para quem dedica a sua vida a fazer ciência sobre nossos questionamentos~

A experiência do aprendizado/confiança pode ser resumida da seguinte forma pelo efeito Dunning-Kruger:

Esse ciclo acomete a todas as pessoas, afinal, o cérebro humano aprende de forma similares entre os indivíduos, certo? inclusive, esse efeito explica dois comportamentos comuns na tecnologia: o “sênior de 2 anos de experiência” e os experts que não sentem confiança nas próprias habilidades e se enxergam como fraudes, que acarreta na bastante conhecida síndrome do impostor.

Uma das coisas que eu mais gosto sobre ciência é que ela joga luz no desconhecido e nos permite dar nome as coisas, incluindo nossos medos e pontos cegos mentais. Com isso, podemos entender que não passamos por nada sozinhos (com isso sendo reconfortante) e ameniza um pouco o ardor da angustia da existência.

Pra finalizar, tenha o seguinte em mente: se você já tem bastante experiência profissional, tem bastante bagagem em tecnologia e tem uma certa desenvoltura para lidar com as idiossincrasias típicas da TI, lembre-se: nunca, jamais, duvide de si e de suas capacidades, senão… eles ganham. Portanto, respira.

Eu adoro essa frase!

Até!

Você gostou do conteúdo e gostaria de fazer mentoria comigo? Clique aqui e descubra como.

--

--